Aqui estão publicados os Artigos Completos referentes as apresentações nas Sessões de Comunicação Acadêmicas do I Simpósio de Pós-Graduandes em Economia Política Mundial da UFABC – O Campo da Economia Política.
Os textos exploram alguma das Linhas de Pesquisa do Programa, representados pelos eixos:
• Eixo 1 – Conhecimento, produção e trabalho
• Eixo 2 – Agricultura, recursos naturais e sustentabilidade
• Eixo 3 – Trajetórias do sul: África, Ásia, América Latina e Caribe
• Eixo 4 – Relações étnico-raciais no mundo contemporâneo
• Eixo 5 – Gênero, reprodução social e feminismo
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Comissão Organizadora do I Simpósio de Pós-Graduandes em Economia Política Mundial da UFABC – O Campo da Economia Política
Resumo:
Arthur Lewis dedicou sua carreira como Economista, Professor e Conselheiro econômico de países pobres à superação do subdesenvolvimento, consagrando-se como Pioneiro da Economia do Desenvolvimento e vencedor do Nobel de Economia, sendo o único negro a integrar qualquer um dos grupos. Neste artigo, comparamos analiticamente sua obra mais conhecida, “The Theory of Economic Growth” (1955), e sua última, “Racial Conflict and Economic Development” (1985), com o objetivo de refletir sobre a concepção de raça e desenvolvimento do autor nas duas obras. A partir da crítica ao eurocentrismo das chamadas epistemologias do Sul, enquanto abordagem teórica, adotamos como fundamentação teórica, Frantz Fanon, Aníbal Quijano e Walter Rodney e, como recortes analíticos, cultura, sociedade e geopolítica, enquanto elementos centrais da relação entre raça e desenvolvimento. Concluímos que, embora socialmente tenha lutado pelo desenvolvimento dos subalternos, epistemologicamente, Arthur Lewis o fez munido da razão econômica dominante, eurocêntrica e liberal, capaz de distorcer a compreensão da realidade até mesmo daqueles mais dedicados à transformá-la.
Resumo:
A pesquisa em andamento aborda a plataformização da atividade laboral no serviço público federal, focando no teletrabalho como modalidade que permite a execução de atividades à distância. A reformulação tecnológica no Governo Federal, impulsionada pelo Decreto Federal no 9.991 em 2019, ganhou destaque em 2020 devido à pandemia de COVID-19, resultando na ampliação do teletrabalho conforme medidas sanitárias. O Decreto no 11.072, em maio de 2022, instituiu o Programa de Gestão e Desempenho (PGD), reformulando o teletrabalho. Essa instituição do PGD fez- se acompanhada da criação de uma estrutura de implementação e de acompanhamento da produtividade laboral dos servidores, entre eles, aqueles lotados em Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Esse processo de adesão ao teletrabalho, ainda que necessário no contexto pandêmico, também suscitou tanto ao longo da pandemia como no período posterior importantes discussões em torno do potencial desta modalidade de trabalho na acentuação das distintas formas de precarização das condições e situações laborais. Tendo a adesão ao teletrabalho se convertido em realidade, muitas vezes reivindicada como capaz de dialogar com necessidades cotidianas de parcela dos servidores públicos, este estudo parte do seguinte questionamento: quais repercussões do avanço da plataformização do trabalho e do trabalho digital no serviço público brasileiro no contexto pandêmico e pós-pandêmico e seus desdobramentos tanto em relação a direitos historicamente conquistados pelos servidores federais como em relação à ampliação de formas de flexibilização e precarização da atividade laboral? Parte-se da hipótese de que embora a adesão ao teletrabalho dialogue com necessidades cotidianas de parcela dos servidores públicos, esta tende a potencializar formas de precarização do trabalho já presentes no serviço público federal e na atividade laboral dos/as Técnicos Administrativos dos IFES. Na busca por responder ao questionamento proposto, o estudo tem como objetivo principal investigar o processo de inserção e normatização do regime de teletrabalho no serviço público federal, observando a dinâmica de digitalização e plataformização das atividades laborais entre técnicos administrativos da Reitoria e Campus São Paulo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) e suas possíveis expressões no que os estudos do trabalho têm denominado como precarização do laboral. Do ponto de vista metodológico, a pesquisa tem por fundamento a abordagem histórico-dialética. Trata-se, de um estudo de caso, de natureza explanatória (exploratória e descritiva), com desenvolvimento de pesquisa de campo e com uso de instrumentos da pesquisa qualitativa, delimitada temporalmente entre 2022-2024. Visando alcançar o objetivo proposto, a coleta de dados de pesquisa será desenvolvida a partir de fontes primárias e secundárias. As primárias serão obtidas por meio de entrevistas com servidores vinculados ao (PGD), que utilizam o teletrabalho. Essas entrevistas serão conduzidas com um roteiro de questões abertas visando obter uma compreensão aprofundada das implicações relacionadas à adesão ao teletrabalho na Instituição. A amostra será de tipo não-probabilística e baseada no método “bola de neve”. Já as secundárias serão compostas por fontes bibliográficas e documentais relacionadas à temática. A análise dos dados coletados pelas entrevistas será realizada por meio de categorias temáticas a fim de observar as condições e situações de desenvolvimento da atividade laboral em teletrabalho, sem perder de vista as especificidades relacionadas ao perfil dos entrevistados, às atividades profissionais desenvolvidas e aos marcadores de gênero. Os resultados preliminares da sistematização e análise das normas que regem o teletrabalho no serviço público federal e suas implicações no PGD serão trazidas ao longo do desenvolvimento dessa pesquisa.
Resumo:
O processo de desenvolvimento chinês foi responsável por tornar a China um ator cada vez mais relevante no sistema econômico internacional. As características desse processo, que se transformaram ao longo do tempo, foram responsáveis pela forma e intensidade pela qual ocorreu a inserção internacional da China. Na contemporaneidade, a Nova Rota da Seda constitui-se como um dos principais projetos da China em âmbito global, sendo sua importância e potencialidade reconhecida por toda a academia nacional e internacional. A despeito dessa importância, as relações existentes entre essa iniciativa e as dinâmicas econômicas domésticas presentes na China contemporânea não são explícitas e muitas vezes marginalizadas de diversas análises. Nesse sentido, o presente trabalho tem por objetivo discorrer acerca dos motivos que levam a China a realizar e a desenvolver a Iniciativa da Nova Rota da Seda e dissertar acerca da importância que este projeto assume para o desenvolvimento e para o dinamismo da economia chinesa no curto e no longo prazo. A hipótese deste trabalho é a de que a crise financeira de 2008 levou a uma inflexão no padrão de desenvolvimento da China e que o projeto da Belt and Road Initiative surge como uma forma de assegurar o dinamismo da economia chinesa sobre este novo padrão de desenvolvimento. Para realizar essa pesquisa adotamos o método de abordagem hipotético-dedutivo e os seguintes métodos procedimentais: 1o) revisão de literatura e 2o) análise de indicadores macroeconômicos.
Resumo:
A Inglaterra participou do processo de colonização afro-asiático, subjugando assim, a Índia e procurou impor a sua cultura, pensamento político, modelo de economia e crenças ao povo indiano. O objetivo dessa pesquisa foi de analisar as relações socioculturais entre os ingleses e indianos, no contexto histórico colonialista afro-asiático, para compreender a percepção do colonizador em relação ao colonizado. A pesquisa é importante para analisar a tentativa de imposição de valores culturais, políticos, sociais e religiosos, pelos ingleses, na sociedade indiana, no contexto da colonização afro- asiática. Esta pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica, de tipo exploratório, com abordagem qualitativa, utilizando a técnica de análise sistemática de conteúdo e método hipotético- dedutivo. Destarte, constatou-se que os ingleses procuraram impor a sua visão de mundo aos indianos quando os educaram sob os preceitos culturais britânicos, ensinando-os o idioma inglês, reestruturando a base econômica do Estado indiano ao modelo liberal, se apoderando da capacidade exportadora dos produtos que eram obtidos pela produção das monoculturas indianas e direcionava os mesmos para o mercado internacional a fim de obter o maior lucro possível, implantando no país a sua forma de transporte (ferrovia) e tecnologia (telegrafo). Conclui-se que alguns grupos de indianos, os mais próximos dos ingleses e a favor de sua política, absolveram os seus modos e tentaram descontruir a sua identidade, já outros não aceitaram tal posicionamento e procuraram resguardar o seu conjunto de normas socioculturais.
Resumo:
Este trabalho tem como ponto de partida a existência de uma guerra de narrativas durante a pandemia da covid-19, tendo a China como pivô. As diferentes versões acerca da doença na China desde a descoberta do novo coronavírus, em Wuhan, na virada de 2019 para 2020, e das medidas de combate adotadas pelo governo chinês até a reabertura total do país, no início de 2023, fomentam um debate teórico que permite debulhar diversos temas no âmbito da Economia Política Mundial. A proposta de fazer uma análise comparativa dessas narrativas na imprensa chinesa e brasileira até a declaração de fim da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em maio de 2023, revela que as várias formas de se contar a história são um sintoma dos novos contornos do confronto entre Estados Unidos e China desde o período e em diante. Tal raciocínio passa pela dicotomia entre capitalismo e socialismo e vai até o conflito Oriente versus Ocidente, entre outras camadas, sendo que a análise da gestão da crise de saúde pública global evidencia o sucesso do sistema político e do modelo econômico chinês e, ao mesmo tempo, o fracasso dos EUA na luta contra o coronavírus e, de maneira geral, do capitalismo financeirizado. Assim, buscou-se analisar como essas narrativas se inserem no conflito entre as duas maiores potências mundiais, tornando-se uma questão de Economia Política Mundial ao clarear essa contradição material. A partir daí, elaborou-se uma interpretação que diz respeito a questões geopolítica e econômica, tendo como objetivo compreender como essa guerra discursiva reflete a realidade e como incide nela, iluminando dilemas reais e levado a uma reflexão de qual é o impacto do êxito chinês na pandemia na atual disputa hegemônica sino-americana.
Resumo:
O estudo baseia-se na análise da mudança estrutural da matriz produtiva chinesa que altera o padrão de inserção externa do país com atuação direta promovida pelo Estado visando garantir a expansão da economia do país no exterior através de lobby. O papel estratégico do Estado é preponderante tanto na implementação de estratégias de desenvolvimento no plano da economia doméstica quanto externa simultaneamente, um fator importante destacado no texto de Ho-fung Hung na qual se pode analisar o replanejamento econômico chinês, a partir de 1978, para promover uma nova inserção na economia internacional que se baseava em um projeto de desenvolvimento orientado a uma economia exportadora que visava criar uma capacidade de acumulação de capital na China.